Quando eu voltava à noite do colégio, o caminho era pela calçada da Sra. Alice. Depois seguia-se um espaço escuro, sem casas, protegido por árvores altas. Eu sempre passava correndo por ali, pois tinha medo de assombração. Só que no dia do enterro, depois da aula, ao passar pela calçada senti um calafrio em todos meu corpo de menino franzino de nove anos.
Acelerei o passo e embaixo das árvores, no local bem escuro, havia uma cadeira de espaldar alto, coberta de veludo roxo-caixão. Passei olhando pela cadeira e me perguntei porque ela estaria ali. Só poderia ser cadeira de gente rica, pois eu nunca vira uma cadeira tão bonita na vizinhança. Minhas pernas amoleceram, minha espinha se esticou ainda mais. Consegui forças e corri em desabalada carreira até minha casa, que ficava a uns cem metros. Falei com meu pai o que tinha visto e ele disse que devia ser móvel velho que os ricos jogam fora. Só que não havia na vizinhança ninguém com dinheiro suficiente para comprar uma cadeira daquelas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário